terça-feira, dezembro 25

Ainda há esperança

Encontros e Desencontros. Vi só uma vez, passei várias vezes por isso. Acho que todos passam, não é? Mas a revelação recente das últimas palavras de Bill Murray para Scarlett Johansson me trouxe esperanças. E, claro, acabou com a coisa que eu mais odeio na minha vida (juntamente com esperar): a dúvida. Embora, de certa maneira, tenha tirado um pouco do que fazia do filme quase que uma entidade.

quinta-feira, novembro 29

Cansei

Cansei. Acho que vou renunciar ao blog. É.

segunda-feira, novembro 26

Atrás de portas fechadas


Quando fechamos a porta de casa um novo mundo se abre: um mundo no qual você faz (praticamente) tudo o que quer, no qual você tem liberdade para agir de acordo com a sua escolha. Bem, isso é bom até certo ponto. Eu, por exemplo, descobri que adoro o ambiente à portas fechadas da minha casa. Mas quando se tem alguém por perto.


Estar absolutamente sozinha por um longo período de tempo não é de maneira alguma a melhor coisa pra mim. Descobri isso neste final de semana, quando fui privada do convívio com a minha mãe e irmão. A única exceção de vida eram as minhas gatas, mas elas provaram a mim mesma que nem animais de extimação eu posso ter. Ou seja: não estou preparada pra viver sozinha. Em absoluto.


De acordo com a experiência deste fim de semana, cheguei à conclusão de que eu acabaria por me tornar uma dessas velhas solteironas que só são descobertas mortas 6 dias depois da tragédia, e mesmo assim só porque o síndico está tentando há dias cobrar o condomínio ou porque o cara da farmácia estranhou o fato de ter uma caixinha a mais de Lexotan no estoque semanal e constatou que a "aquela senhora estranha" não tinha ido buscar o dela. Enfim, o fato é que eu mergulho num estado deplorável de rejeição social e tenho preguiça até de olhar pela janela pra ver como está o dia. Cozinhar pra que? Tem apenas uma pessoa. Pentear os cabelos? Hum, se eu precisar sair... E o pior é que, quanto mais longe de outros seres humanos, menor é a vontade de ter algum contato. É um círculo vicioso, um estado de inércia social.


Minha volta ao mundo normal ficou por conta da insistência da Sra. Martha Verônica e do resgate da Dona Lévia, que me arrastaram pra fora de casa num domingo chuvoso. E, claro, não vou tirar meu próprio mérito: apesar dos pesares, eu ainda não me desviei do caminho que conduz à não timidez.


Ainda não foi desta vez que eu resolvi fechar as portas.

domingo, novembro 18

Nowhere to go!!!

Às vezes incorporamos certos hábitos à nossa vida e nem nos damos conta: parece normal, parece parte do todo. É porque é. Acontece porque acontece. É automático.

Percebi isso ontem, sábado. Era como se o chão se abrisse sob meus pés: eu ia sair do trabalho às 17h e não tinha absolutamente o que fazer. For christ's sake, era um sábado à noite! Pois é. Apesar de quebrar a cabeça durante todo o dia pensando em uma coisa legal pra se fazer, descobri que pode ser bem difícil encontrar uma diversão em BH. Pelo menos uma da qual eu já não esteja enjoada (sim, porque uma hora cansa ir nos mesmos lugares e ver as mesmas pessoas). Por fim acabei voltando pra casa. Meio loser? É, concordo.

Aí caiu outra ficha: eu já não me divirto com a minha família. Até algum tempo atrás eu gostava dos sábados à noite com a minha mãe, que insistia pra que eu acompanhasse ela num vinhozinho. Sair pra fazer compras (de casa e de otras cositas más) também era uma coisa corriqueira e que me satisfazia. Assistir um filme, conversar no msn... Havia uma infinidade de coisas que eu fazia no conforto no meu lar. Se eu era satisfeita? Bem, não me lembro. Talvez tivesse menos amigos por isso.

Não estou reclamando do estado atual das coisas. Muito pelo contrário: eu gosto do jeito que está. Poderia ser melhor? Sempre. Mas eu estou satisfeita. A parte ruim da sociabilidade fica em momentos como os de ontem: não tenho pra onde sair! E agora, José?

A felicidade exorbitante do dia, no entanto, fica: último fim de semana de museu!!!!

*Ao som de Carla Bruni - Autumn

quarta-feira, novembro 14

Os últimos passos de uma mulher...

... com 20 anos. Por que em breve completo meus 21 anos. O que vai mudar? Na verdade, nada. Quer dizer, de acordo com a Lívia após a data do meu aniversário eu vou sair do inferno astral. Acho que já é mudança boa o suficiente.

Mas já tenho percebido algumas coisas. Exemplos: sociabilidade positivamente canalizada (Martha Veronika, isso não constitui promiscuidade de amigos!), melhora nos estudos, chegada do tormento mensal (este ponto só é positivo porque acabou com as cólicas dos últimos dias)... Além disso, ainda acrescente o ânimo para fazer qualquer coisa. Vindo de uma pessoa que tende a permanecer no mesmo lugar eternamente e tem preguiça de tudo, isso é mais do que excelente! Enfim, agora só falta ser rica, linda e dominar o mundo, mas eu não estou com pressa.


*Ao som de Gogol Bordello - Bublitschki

segunda-feira, novembro 5

De uma pra outra



Às vezes tudo parece se complicar. Outras vezes vai tudo tão bem que dá vontade de gritar pro mundo que você simplesmente não se importa com nada, que a felicidade é possível. No meio disso tudo eu me pergunto: existe um equilíbrio? Podemos não estar em nenhum extremo?

Ultimamente tenho tentado acreditar que sim. Tenho feito meus esforços pra ser otimista e estou satisfeita com os resultados. De fato consegui muito: estou numa situação que não imaginava ser possível. Pelo menos não em tão curto tempo.

Mas, como sempre, saímos de uma crise para entrar em outra. Se num ramo da nossa vida as coisas parecem estar se ajeitando, no outro não é bem assim. Talvez eu só tenha prestado atenção agora, depois que minha cabeça se desanuviou; agora que está possível me concentrar em outros aspectos. Então minha preocupação se deslocou do afetivo para o intelectual. Pra falar a verdade, eu prefiro esse tipo de preocupação, pois é muito mais controlável e racional. No entanto, não deixa de ser algo importante.

Bem, vou encerrar este post. Comecei a escrever pensando que renderia alguma coisa importante e construtiva pra mim mesma, mas já vi que vou só cair num lamento sem sentido. Muito melhor usar este tempo pra ir ler os textos para o debate em grupo de amanhã, não? Quem sabe dessa vez eu chego na aula com tudo lido e consiga articular uma fala ou uma pergunta pertinente?

*Ao som de Stardust Soundtrack

terça-feira, outubro 23

Preparativos

A espera por um acontecimento e os preparativos que estes momentos envolvem são, absolutamente, quase ou tão emocionantes quanto o grande acontecimento em si. Às vezes chega a ser até mais divertido (como é o caso de brincar de Barbie e The Sims: é muito mais legal montar as casinhas do que jogar de verdade!).

Uma noiva tem todo o processo de planejamento do casamento (escolher vestido, flores, lembrancinhas pros convidados, fotos), as grávidas passam seus nove meses comprando roupinhas e fazendo questão de mostrar tudo pra cada visita que por ali aporta, os formandos elegem suas "comissões" meses ou até anos antes de suas formaturas... No meu caso, o tema tem sido viagem.

Como sempre, né? Bem, mas eu tinha me esquecido da sensação de planejar viagens. É realmente uma parte super empolgante! Eu diria que faz parte da viagem: ler e ouvir experiências de outros que já foram para aqueles que serão nossos próximos destinos, ver fotos, comprar os acessórios e pesquisar o que ainda tem se que fazer... Eu acho que na próxima encarnação quero ser o Amyr Klink.

domingo, outubro 21

Sonhos


Eu queria ser criativa. Queria mesmo. É, provavelmente, a coisa que eu mais desejaria na minha vida. Infelizmente não sou dotada de um gênio espetacular, então permaneço uma leitora voraz, uma cinéfila desesperada, uma internauta curiosa, uma ouvinte empolgada.

O mundo da fantasia é realmente... hum... fantástico. É tudo tão mágico! Existem estrelas que caem na Terra para acabar encontrando o amor, escolas para formação em bruxaria, livros com o poder de puxar seus leitores pra dentro da história que contam, anéis que provocam guerras fenomenais, ilhas perdidas em brumas, mochileiros se aventurando pela galáxia. Isso sem falar nos seres fantásticos: elfos, anões, duendes, hobbits, ents, lobisomens, vampiros, bruxos, magos e super-heróis! E os lugares? Terra-Média, Hogwarts, mundos paralelos, Terra do Nunca...

Fuga da realidade? Talvez. Mas relembrando bons tempos de ficção científica empolgante: você acredita na Matrix? Hahahaha!

Enfim, espírito ansioso pelo Anime Festival e já sendo ambientado pela overdose de quadrinhos no FIQ (preparação psicológica!). E, claro, por causa das leituras frenéticas exclusivas do tema. Deosss, estou perdida! Daqui a pouco fico no mundo dos sonhos! Ops! Pensando bem, não é uma boa idéia... Apesar de eu gostar muito do Morpheus! (Tá lendo? Não vá me dar pesadelos hoje!)

***

Como ontem (sábado) o blogger estava com problemas, não deu pra postar o que tinha escrito. Só dando um feedback: não tive pesadelos! =)

sábado, outubro 20

Tudo ou nada

Eu sempre penso em temas que podem virar algum post interessante. Interessante mesmo é que é sentar na frente do computador e clicar no botão "Criar" do menu Postagem do blog que... Puft! Tudo desaparece. Bloqueio mental? Sei lá. Acho que é o desespero de querer falar sobre um mundo de coisas, que resulta, obviamente, em acabar não falando nada.

Sempre tive, também, uma certa regra criada por mim mesma e por razões que desconheço (é, não dá pra entender mesmo!) de não postar duas vezes no mesmo dia, ou, mais precisamente, de deixar um certo espaço de tempo entre um post e outro. Vai entender.

Talvez isso estivesse me desestimulando a escrever, pois queria escrever sobre mais de um assunto, mas tinha que escolher qual seria o felizardo do dia. Pois estes problemas acabaram! Afinal de contas, que problema mais à toa criado pela minha mente à toa!

domingo, outubro 14

Only time



Who can say where the road goes,
Where the day flows, only time?
And who can say if your love grows,
As your hearth chose, only time?

Who can say why your heart sighs,
As your live flies, only time?
And who can say why your heart cries
when your love lies, only time?

Who can say when the roads meet,
That love might be, in your heart?
and who can say when the day sleeps,
and the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart.....

Who can say if your love grows,
As your heart chose, only time?
And who can say where the road goes
Where the day flows, only time?

Who knows? Only time
Who knows? Only time

*Ao som de Enya - Only Time

quarta-feira, outubro 10

Forget your troubles, c'mon get happy!

Revirando minhas memórias, não é que eu encontro essa música da Judy Garland? Tá, ela só canta a música, eu sei lá quem diabos compôs, mas isso não vem ao caso. O importante é que eu estou voltando à minha normalidade. Não que eu esteja simplesmente colocando de lado absolutamente tudo o que eu vivi até aqui, até a parte da minha vida que eu chamo de "normal" (embora eu saiba que esse termo não corresponde à realidade).



O fato é que tá dando pra ficar feliz! Olhando assim até parece que eu tava numa depressão profunda, mas o que acontece é que eu simplesmente parei de pensar somente numa coisa. Tudo bem, eu ainda sou aquela maníaca que afunda numa coisa quando gosta, quando empolga. Mas não estou vivendo em função de uma única dessas coisas. E isso é, pra mim, ter conseguido.

Aos poucos tudo vai se ajeitando. Se por um lado nossas expectativas não são correspondidas, por outro surgem coisas inesperadas que agitam a vida outra vez. Não são substitutos, apenas algo novo. Ou talvez seja apenas meu jeito novo de ver tudo. Meu jeito de conseguir ver tudo de novo.

Às vezes é triste pensar que tudo são fases e que a gente tem que deixar passar: ficam pra trás as modas, os gostos, as pessoas e mesmo pedaços da gente. É ruim pensar que uma parte minha vida vai ficando pra trás, mas ao mesmo tempo eu penso que tem mais por vir. É estranho ter que se acostumar com algo novo, é estranho ter que se desacostumar. Esse é mais um daqueles momentos transitórios no qual naturalmente eu fico sem chão: não sei o que fazer, não sei pensar, não sei o que vai ser, não sei o que eu quero. Mas enquanto antes parecia que isso era uma crise, agora é apenas mais um estado. Não vai ser assim pra sempre, embora eu possa voltar várias vezes pra ele.

Bem, é óbvio que eu já saí do espírito mega animado do início do post, mas isso é culpa do Phil Collins e suas músicas léndas e emotivas. Não significa, no entanto, que eu esteja depressiva. Estou simplesmente... Eu.

sexta-feira, outubro 5

A eterna mania de super-homem

"Minha vida é estressante", "minha vida é tão corrida!", "nossa, como estou cansado", "não tenho tempo pra nada".

Por que tem tanta gente que insiste em acreditar que só elas têm problemas? Que só elas passam por dúvidas, por crises, por dificuldades? Que o universo conspira e se articula numa mega operação pra que apenas ela seja afetada? Incrível, mas tem gente que acredita nisso. A vontade que eu tenho é gritar no ouvido desses seres: "Acorda, bonitão da bala chita!".

O mais irritante é que, nesse egoísmo todo de se achar o ponto central para o qual convergem todos os olhares, essas pessoas acabam atrapalhando outras. Outras que, apesar de terem os mesmos problemas, têm consciência do grau deles e não tentam aumentá-los, mas minimiza-los. Enfim, outras que são um pouquinho mais corajosas à ponto de conseguirem tomar decisões, de assumir atos, responsabilidades e sentimentos.

Se sua vida é tão corrida, se não tem tempo pra mim, então me esquece!

quarta-feira, agosto 22

Crises

Crises, crises, crises, crises.

Elas não acabam, não é verdade?

Agora minha nova mania é pensar que vivi o último mês de forma bem superficial. Pelo menos foi divertido na hora, mas as ressacas (de tudo) me fizeram concluir que é hora de quietar.

Eu definitivamente me tornei uma pessoa que não achava que fosse possível. Simplificando: estou pagando língua. O fenômeno parece ser inevitável, não é mesmo? Mas tudo bem. Mais uma vez vou tirar de uma música a filosofia de vida do momento: "the show must go on".

Bem, pelo menos consola o fato de outras pessoas estarem em situações piores que a minha: ainda não preciso andar descalça. Não que a venda de meu débil acervo de sapatos valha alguma coisa, mas eu nunca fui lá fanática por comprá-los mesmo. Confuso, né? Bem, talvez baste frisar que o nome citado no sexto parágrafo deste artigo é, digamos, geralmente associado à sapatos nada modestos. E, por favor, não quero comentários sobre a justiça no Brasil! Deixem eu pensar que isso vai dar em alguma coisa. É o meu consolo, lembram?

sexta-feira, agosto 17

O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa

... Bem, sobre a poupança Bamerindus eu não estou tão certa (esse banco nem existe mais, vai saber o que aconteceu), mas a primeira parte dos versinhos é absolutamente verdade.

Não é que, após quase dois meses desde a última atualização, cá estou eu de novo? Agora em outro continente, é verdade, mas ainda defendo a idéia de sono infinito do post anterior, embora eu tenha tido uma quota (deus, acho que nunca escrevi essa palavra!) considerável de descanso antes da volta à dura, obscura e perversa realidade. Sim, esses são os adjetivos. Agora a fadiga foi direcionada pra outro assunto: O QUE SERÁ DO MEU FUTURO, MEU DEUS?!?!?!?!

Acho que idealizei muito meu mundo estudantil. Ou talvez eu simplesmente tenha saído da "fase Malhação" que agora eu vejo nos outros e me dá tanto asco. Não importa, o fato é que eu caí na realidade de que preciso de um futuro, e um futuro que me permita ter o mínimo de lazer. Desisti de mudar o mundo, desisti de ser idealista, desisti de me iludir com essas coisas. Resolvi que minha vida é pra ser vivida pra mim (sim, sou individualista), e quem vai fazer isso a não ser eu? Nossa, tô vendo isso aqui como um texto mega de auto-ajuda, e dos baratos, mas é isso aí.

E olha só que ironia do destino: agora quem vem me atrapalhar na hora de escrever um texto é minha mãe. E ainda tenho que escutar as pitangas choradas no melhor estilo mexicano "ninguém gosta de mim", "se vocês gostassem de mim, me ajudariam" ou ainda "quando eu morrer não quero ninguém chorando no meu velório". Aff. Porque agora eu não tenho mais que agüentar somente a culpa que é jogada pra cima de mim por escolher um curso medíocre, mas ainda por cima sou responsável se o trabalho dos outros é estressante.

E depois não querem que eu saia de casa. Pff.

sexta-feira, junho 22

Sono

Eu estou a ponto de cair no chao e dormir, numa cena bem The Sims. Nao consigo me lembrar da última vez que tive uma noite decente de sono e, ao contrário da minha boa vida de estudante que acorda às 6h, olha pro relógio e decide que vai perder o primeiro horário pra dormir mais cedo, aqui eu nao posso simplesmente me dar a opcao de simplesmente nao levantar e deixar os pirralhos sem café da manha. E nao é nem por preocupacao de que eles possam ir pra escola sem comer nada, mas porque eles batem na porta do meu quarto desesperadamente até que eu acorde, entao nao tem jeito mesmo.
Mas voltando ao motivo do post: . É, espaco em branco. Eu ia escrever alguma coisa, mas quando coloquei os dois pontinhos me dei conta de que simplesmente nao há nada! Acho que eu queria apenas me juntar ao coro daqueles que dizem: ESTOU COM FADIGA! Ai, tô mesmo. Esse sono do caramba nao me deixa fazer nada! Nao me deixa pensar, ler, ver tv, ouvir música... Tudo o que eu quero é deitar na cama sem horário pra levantar, sabendo que eu posso dormir até a hora que eu quiser.
Hunf, o moleque chegou.

segunda-feira, junho 18

A decepcao da minha sensibilidade

Neste exato momento nao estou nos meus melhores humores para escrever, mas mesmo assim tenho que fazer isso.

O texto absolutamente vai se mostrar algo no estilo da literatura romântica e arrebatadora da inglesa Jane Austen e as narrativas dos amores do início do século XIX, mas isso se deve meramente ao fato de eu ter acabado de ler "Sense and Sensibility" (ou "Razao e Sensibilidade"). A parte ruim da comparacao é, no entanto, me ver em situacao similar à de uma das personagens, Elinor Dashwood, a "razao" na história (embora nao tenha a dureza dela e me aproxime mais, no mostrar dos meus sentimentos ao estar com amigos e família, à sensibilidade de Marianne). Nao sei se eu algum dia serei a razao, nao sei nem se me encaixo num único adjetivo, mas tenho sido obrigada a agir da mesma maneira que ela frente aos acontecimentos.

Com que voz eu devo ter respondido, qual terá sido minha feicao, ao escutar da notícia de namoro? E ainda ter que me mostrar perfeitamente feliz e reconhecer que, pelo menos de uma parte, o sentimento é sincero (embora nao fiel - e isso eu ainda tenho que manter em segredo). O meu desconsolo é que, ao contrário da sociedade rígida na qual se passa o romance literário, que forca as pessoas à compromissos eternos, a atual nada tem disso, e quando se pensa numa ligacao entre duas pessoas, essa mais nada deve se dar a nao ser pela mútua afeicao. Ou seja, nao existem mal entendidos, obrigacoes, nada que justifique tudo de forma menos desesperancosa pra mim.

Mas por que? Por que uma pessoa, sabendo de tudo (pois com todas as conversas é impossível que ainda reste alguma dúvida), ainda insiste em alimentar as expectativas? O jeito de me tratar nao foi nada diferente? Entao tudo nao passava realmente de uma brincadeira? Mas que brincadeira cruel é essa? E por que dizer a cada um algo diverso? Talvez à mim tenha sido dirigida a mentira, numa forma de me consolar (embora nao abertamente, mas com aquele sentido de "ah, eu gostaria, mas é impossível!"). Ainda assim, é uma conduta inexplicável, imperdoável. Nao pedi por consolos, muito menos pelos incentivos que fizeram os primeiros necessários.

Sim, porque me foi despertada a sensibilidade, com disparar de coracao, ansiedade, dúvida e certeza, horas de pensamento, olhares perdidos no espaco, lembrancas felizes chamadas à memória. É, eu me descobri sensível.

E agora um dos piores sentimentos (sim, Lela, se juntando à dúvida): a decepcao.

quinta-feira, maio 31

Ops, fiz isso? Ui, que legal!

De volta. Finalmente.
Em um mês tantas coisas acontecem que relatórios sao impossíveis (embora o estilo diário nunca tenha sido o propósito deste blog - ok, foi no início, nao é mais). Mas mais difícil ainda é escolher um tema. Pela primeira vez tenho vários comentários a fazer, inúteis, é verdade, mas ainda assim comentários.
Entretanto, promordial é dizer: quem tem muito tempo, pensa demais. Claro que isso nao é a mínima novidade pra ninguém, mas eu só tinha que frisar isso, porque, resumidamente, foi o que aconteceu no último mês: viajar, estar sozinha, nao ter mais um computador... Fatores que induzem a atividade do cérebro.
Neste mundo de coisas comentáveis que eu tenho, acho que vou me reter à que tem me ocupado a maior parte da cabeca nos últimos dias (e que, coincidentemente, tem a ver com o último post): vergonha. Na verdade as situacoes que me levaram a escrever o post anterior sao bem diferentes do motivo atual, mas agora vejo que estao de certa maneira conectadas. Só que agora eu cheguei à uma outra conclusao: as pessoas gostam de fazer com que os outros se sintam envergonhados.
Meu fim de semana foi uma bagunca. Eu fiz coisas que certamente nao teria feito se estivesse sóbria, mas na verdade nao voltaria atrás. Porque eu me diverti, foi engracado, foi sonolento, foi uma zona, foi cansativo, foi tosco. Mas eu fui eu mesma. Fiz o que me deu vontade e pronto. Incrível é, no entanto, que as pessoas facam questao de usar tom de deboche, cinismo, "zuacao", quando falam sobre o assunto. Uma, duas vezes tudo bem. É brincadeira. Mas quando comeca a insistir na coisa nao dá. Isso me irrita.
Bom, mas como eu serei adepta do fodas e carpe diem, estou pronta pra mais uma rodada. Que venham as próximas bebidas, porres de cair e nao sei o que mais possível! Enquanto eu conseguir agüentar a ressaca do dia seguinte, EU NAO ESTOU NEM AZUL! (Ai, expressao da mamae!) E o título desse post será a minha frase padrao de pós-bebedeira.

sexta-feira, abril 27

"Always look on the bright side of life"

Sexta-feira (ou devo ser pedante e falar que é sabado?) à noite e, depois de um litro e meio de cerveja, todas as questoes da vida se tornam nao só mais fáceis de ser discutidas, como também mais claras. Ou nao. Há certas coisas que, nao importa o quanto sejam pensadas e repensadas, nunca terao exatamente uma solucao, um esclarecimento.

Sao assim os ditos "assuntos do coracao". Nada como algumas cervejas e horas no telefone com uma super amiga para despertar certos assuntos escondidos. Passando por memórias dos tempos de escola, Friends (embora eu ache que desta vez nós nao tenhamos chegado aos comentários sobre séries) e outras coisas de menos importância, eis que chegamos à parte afetiva da vida.

O álcool entorpece, isso é verdade. Nao só a boca fica extremamente articulada: o cérebro nao parece exatamente captar a distincao entre o que deve e nao deve ser dito. Tudo bem, as coisas ficam entre amigos. O difícil é saber que você finalmente admitiu pra você mesma certas coisas. De repente você percebe que se tornou exatamente a pessoa da qual sempre debochou. De repente você é um ser digno de pena. Ou alguém medíocre. Ok, ainda nao me considero medíocre, mas inegavelmente já reconheci que nao sou a mesma pessoa, aquela que leva o orgulho às ultimas conseqüências.

Lembramos de coisas passadas, nao há tanto tempo, é verdade, mas ainda ainda assim passadas. Terao aqueles momentos pertencido única e exclusivamente àquela época? Será aquele um tempo que nunca voltará? But, hey, "always look on the bright side of life"!

Eu tento seguir a filosofia do Monty Python, trilha sonora desta conversa. Se for assim, devo pensar que pelo menos mudei algo, que já nao sou tao orgulhosa à ponto de me declarar independente de qualquer pessoa ou sentimento. Mas eu olho para outro lado bom da vida: pelo menos eu passei por tudo isso.

Um filme bonitinho europeu

Sabe aquela sensacao de estar num filme?

Desta vez nao foi nada ruim, nada que parecesse um pesadelo, algo irreal do qual eu quisesse fugir. Apesar de ter acabado de passar por uma situacao nada agradável (a perda do passaporte ainda nao está totalmente resolvida: preciso de outro visto), de ter gasto 70 euros muito inesperadamente, de ter ido pela primeira vez na vida à Polícia (e ter que explicar toda a situacao em alemao, à autoridades alemas - e portanto nao exatamente pacientes e gentis), de ter corrido o dia inteiro na inseguranca de que tudo fosse em vao... Apesar disso tudo, caminhar pelas ruas e jardins de Munique num dia de semana normal, durante o dia e sob o sol da primavera, por um breve momento sentindo que eu nao tinha nada nem ninguém pra me controlar, foi, sem dúvida, uma cena digna de um final de filme.

Na verdade andar de um lado pro outro pela cidade foi até legal, passei por partes que nunca tinha visto antes. Comecei a gostar de Munique. Mas esse é também o efeito de se ver coisas novas, ou melhor, gente nova. Passando pelo Studentenviertel a atmosfera muda completamente. As ruas sao cheias de livrarias, a maioria pequenas lojinhas com livros usados colocados na calcada. Os estudantes passam, seja à pé, carregando mochila e com o ar despreocupado de quem sai de uma aula e vai correndo almocar, ou de bicicleta, seja a de estilo esportivo ou retrô (cestinha e meninas de saia e óculos, bem como os acessórios de crochê). Na frente de um dos prédios da Universidade vários grupos sentados ou deitados na grama... Outros entram no ônibus e preferem fazer a pausa no Englischer Garten.

Eu me lembrei de como é ser estudante. Nós só temos preocupacoes egoístas como notas, pegar primeiro o livro na biblioteca, descansar merecidamente após dois horários seguidos de aula. Ou salvar o mundo. Todos os dias rotineiramente vivemos coisas diferentes. Discutimos sobre o futuro. Tudo é nao só possível, mas altamente provável.

E na volta, caminhando até a casa, eu aproveitava esses momentos únicos de sensacao de infinita liberdade, com fones de ouvido que cantavam

"I love the sound of you walking away, you walking away
Why don't you walk away?..."

É ou nao é cena de filme?

Ao som de Franz Ferdinand - "Walk Away"

terça-feira, abril 24

A burocratizacao do meu vício

Acho que nao é de desconhecimento de ninguém meu amor pelo CouchSurfing. Eu sempre me empolgo com as viagens nao pelo fato de estar indo à um lugar diferente, mas pela perspectiva de conhecer gente nova. E o CS é exatamente isso.

Como sou o que pode ser considerado uma "addicted", acabei planejando minha ida à Viena no último fim de semana baseada num CS Meeting. Afinal de contas, nada melhor do que encontrar vários couchsurfers de uma vez, certo? E assim fui eu, pela primeira vez sozinha, rumo à capital austríaca.

Nao é intensao minha fazer relato sobre a viagem nem sobre a cidade. Desta vez o assunto é exatamente a comunidade de CSers e a minha posicao nesse meio. Primeiramente, percebi que ainda sou difícil de falar abertamente, especialmente depois que perdi minhas habilidades no inglês. Segundo (e mais importante), estou um pouco decepcionada.

A idéia do CS (assim como do Hospitality Club) sempre me foi muito querida. Nao por poupar dinheiro (claro, isso também ajuda), mas principalmente por poder conversar com as pessoas, que geralmente sao realmente abertas, engracadas, espontâneas e de modo geral muito interessantes. Mas incrivelmente a coisa tem seguido o caminho weberiano (meu deus, nunca pensei que fosse falar sobre isso! Ainda mais depois de tanto tempo sem ler essas coisas!): parece algum tipo de piada, mas o que ficou absolutamente claro é que o CouchSurfing está se burocratizando!

Eu mal podia me conter ao ver o "respeito" que as pessoas demonstravam aos que tinham títulos de Ambassadors (City Ambassador, Country Ambassador... Até mesmo um Nomadic Ambassador). Tempo de associado, referências e títulos fazem alguém melhor ou pior host do que outros? O mais engracado, é que existem pessoas realmente "famosas" nesse meio. Eu ouvi discussoes sobre atitudes de pessoas que eles mesmos nunca tinham conhecido, ou, se tinham, nao por mais de um ou dois dias! Claro, isso nao quer dizer que pessoas "inexperientes" ou "novatas" sejam simplesmente ignoradas. Isso nao é verdade, eu fui muito bem recebida. Sempre. Mas é inegável que se torna cada vez mais difícil afirmar que essa comunidade formada por pessoas que simplesmente abrem sua casa ou que saem pra conhecer outras casas seja exatamente igualitária. Há um certo de tipo de separacao entre os ridiculamente chamados como pertencentes à "old school".

Bem, talvez isso tenha sido apenas um desabafo meu, frustrada depois de ter sido chamada de "super quiet" por uma das pessoas presentes. Mas eu ainda acredito e gosto da idéia, e por isso vou continuar tentando e investindo meu tempo nisso.

Aliás, todos sabem que eu sou uma fanática. Nao importa por quanto tempo, quando eu comeco a gostar de algo, a coisa vira definitivamente um vício. No momento o meu tem sido acessar ambos os sites e tentar promover a idéia assim que estiver de volta em casa. Entao: será que vocês podem se cadastrar? =P

segunda-feira, abril 23

Do dia 20 de abril de 2007

Embora os últimos posts tenham sido sempre de meditacoes profundas, eles têm batido sempre na mesma tecla. Olhando agora o que escrevi (e olha que estou escrevendo este texto no mesmo dia do post anterior - 20 de abril de 2007 - e só estou postando agora porque queria deixar um espaco entre um e outro) das últimas vezes, me veio o seguinte pensamento: eu estou me tornando uma pseudo-intelectual! Pior: DE NOVO! Eu nao acho que o que disse é chato, que nao é o que eu realmente penso. Mas é que é chato entrar num blog que só tem lamúrias e nao é nem um pouco divertido. Cadê as empolgacoes? Afinal de contas, a vida nao é feita somente de pensamentos complexos sobre sentimentos, emocoes, perguntas do tipo "o que sou? qual o sentido da vida?" e outras coisas do gênero. É por isso que agora decidi fazer um post completamente inútil (e eis que neste exato momento o telefone desta maldita casa toca. Duas vezes! A pessoa insiste, mas apesar de ser 15:01h, nao estou com vontade de conversar em alemao. Três vezes agora. Parou.).

Mas o que é um post inútil pra mim agora? Qual tema eu deveria abordar? É aí que eu paro. Simplesmente me descobri, olhando pra esse Bloco de Notas, que minha criatividade, meu senso de humor e meu lado Lorelai Gilmore de ser (isso foi um pouco pretensioso) simplesmente desapareceram! Eu nao sou mais capaz de fazer uma simples lista, de continuar construindo incansavelmente os Top 5 (inspirada em High Fidelity)! O que terá acontecido? (Hum, quase escrevo "O que terá acontecido à Baby Jane?". Dedos digitantes contidos à tempo.)

Estou neste exato momento pensando em todos os assuntos que poderiam ser abordados de forma cômica. O assunto na precisa necessariamente ser engracado, mas com o dom do humor negro tudo se tranforma. Enfim, acho que essa coisa tá ficanco complicada de entender.

Vou tentar, mais uma vez, criar meu "Caderno Alemanha". Acreditem ou nao, ele na verdade existe. Bem, existe de certa forma: fisicamente ele está lá, um caderno com anotacoes aleatórias (estudos de gramática, um projeto de diário, planos de viagens, cálculos de dinheiro, tabelas de horários de trens, avioes e ônibus) que vê uma caneta de vez em quando (os intervalos de tempo sao irregulares também). Eu tento, eu tento. Fico querendo fazer isso porque várias vezes penso em várias coisas e simplesmente depois nao consigo me lembrar em como cheguei àquela conclusao, quando chego à alguma. Nao consigo me lembrar como cheguei à conclusao de que nao há conclusao. (Seria essa última frase um plágio de Sócrates?)

Mas por que diabos citei o maldito caderno? Ah, sim, li o parágrafo acima...: temas para posts neste blog. A conclusao (que bom, cheguei a uma!) é que vou tentar escrever, mesmo em anotacoes rápidas e provavelmente ininteligíveis à olhos estranhos, todas as coisas que gerarem algum tipo de pensamento (coerente ou nao), qualquer coisa que, por um momento da minha vida, se torne um assunto discutido silenciosamente entre eu, eu mesma e Irene. Ops, nao! Isso é com o Jim Carrey! Somente entre eu e eu mesma, porque também nao posso pensar com meus botoes, já que nem todas as minhas roupas os têm.

E assim encerro.

sexta-feira, abril 20

Antes da tempestade

Este é o último dia da minha vida "normal". Digo isso porque há tempos (mais ou menos 2 meses) venho pensando sobre os próximos acontecimentos, e eis que chega o dia em que tudo comeca. Quem lê isso assim do nada até acha que uma nova era está sendo inaugurada, mas o ponto aqui é, mais uma vez, o tempo.

Os últimos quase dois meses, apesar de nao terem exatamente se arrastado, tampouco passaram naquela velocidade que me surpreendia na minha "Época de Ouro" por aqui. Na verdade, os planos eram escassos e longínquos (essa palavra me faz lembrar do meu pai contando as histórias diárias - e nunca repetidas - no caminho pra escola quando eu tinha 6 aninhos de idade...!), razao pra mim suficiente pra me ver afundada no cotidiano da vida banal dos outros. Preenchi esse tempo vendo filmes, séries (sim, era como se eu tivesse uma TV!) e acompanhando de perto (apesar da distância) tudo sobre a "minha" vida na terrinha que eu deixei.

No entanto, ainda haviam planos.

Viajar nao é somente uma obrigacao pelo fato de conhecer lugares com os quais sonhamos. Nao é pra ver monumentos mundialmente famosos. Nao é pra poder falar que já se foi lá. Pra mim, é uma questao de sobrevivência. Parece dramático, mas nao é. Bem, talvez seja, sim. Mas o fato é que viajar nao ocupa somente aquele espaco de tempo em que se está fisicamente no lugar: muito mais do que isso, se viaja antes mesmo de ter chegado e depois de ter retornado. Mas nada se compara à alegria de planejar. Nao que eu seja a favor de tracar cada passo a ser percorrido, nao, nao... Eu sou do tipo que gosta de andar pelas ruas da cidade sem compromisso e sentir a atmosfera, sentar numa praca pra ler ou ouvir música, subir em montanhas pra ter aquela vista linda (nada do traco típico de historiadora que eu deveria ter: museus absolutamente sao sem graca). O planejar que falo é apenas o pensar que em breve algo novo vai acontecer.

Esta noite pego meu trem pra Viena. Apenas dois dias na capital da música, na cidade do Danúbio Azul de Strauß, dos mestres Mozart e Beethoven, da dinastia dos Habsburgs, da Imperatriz Sissi (ou Romy Schneider?), dos bailes, dos jardins, da ópera. Ok, ok, eu admito que a essa altura do campeonato eu já li alguma coisa sobre a cidade. Bem, e afinal de contas minha Gastmutter é Vienense, nao tem como nao ouvir maravilhas sobre o lugar de vez em quando. Mas o ponto é que é a partir de hoje que o intervalo entre um acontecimento e outro na minha vida se tornam bem curtos.

Logo no comeco de maio já há outra "acao", desta vez bem longa (os 16 dias na Grécia, que estao me fazendo descabelar com a idéia de simplesmente ficar sem dinheiro no meio da viagem). Chegando junho há a clássica visita à Paris. E depois? Bem, depois falta um mês pra voltar pra casa! E isso porque ainda nao há mais coisas inteiramente certas, porque pode ser que uma ou duas viagens ainda sejam expremidas por aí. Passa rápido. Passa mais rápido quando se tem tanto a fazer, quando se está sempre pensando que daqui a pouco algo nunca ocorrido na vida vai acontecer.

Hoje é meu último dia normal. A partir daqui é tudo um furacao: um furacao que eu mal posso esperar pra ver...!

quarta-feira, abril 18

Sobre tudo e nada

Hoje é um daqueles dias estranhos: tudo e nada acontece, a cabeca gira com um incontável número de pensamentos e opinioes que mudam num milésimo de segundo, uma vontade de fazer todas as coisas do mundo, mas ao mesmo tempo de ficar quieta e desligar.

O tempo passa rápido e devagar...

Agora comeco a pensar neste ano, nessa vida totalmente diferente que eu escolhi viver durante 12 meses. Há momentos de incrível solidao, e eles nao sao raros. Há momentos em que inevitavelmente se pensa: "o que estou fazendo aqui?". Outros sao de recordacoes. Outros de raiva. Várias vezes sinto que nunca estive tao presa; em outros nunca tao livre. Tem hora que tudo o que se quer é encontrar alguns amigos pra conversar: umas vezes encontramos, outras nao. Em algum momento eu me pergunto como posso ser amiga de pessoas que conheco há tao pouco tempo... Mas o tempo é relativo, certo?

Estar num lugar diferente, com pessoas diferentes, significa basicamente uma coisa: você pode ser o que você quiser. Nao posso dizer que me soltei de tudo, que uma operacao mágica se realizou em mim e que, de repente, todas as barreiras que me impediam de ser verdadeiramente eu caíram. Isso seria mesmo impossível, afinal de contas, o "verdadeiro eu" é uma coisa desconhecida. Na verdade o que aconteceu é que, neste tempo todo, eu pude me entender melhor e, dessa forma, agir com mais conviccao, com mais firmeza e sem medo de dizer o que penso. Melhor: sem medo de mostrar que penso e despenso.

Claro, nao é o confinamento absoluto que faz isso. Conversar com pessoas dos mais variados lugares, culturas, idéias, classes... Nao é apenas a diversao de ver todos os dias alguém diferente, é a de se ver diferente também. Cada um traz um tema, é de um modo. E, ao falar com essas pessoas, automaticamente eu descubro mais alguma coisa sobre mim mesma, coisas sobre as quais talvez antes eu sequer tenha pensado.

Conclusao? Nenhuma.

domingo, janeiro 28

Quem diria... Eu e carpe diem

Eu nao sou uma pessoa apegada às promessas. Acho que isso deu pra perceber. Se nao, é só "rolar" a página mais pra baixo (ou clicar num arquivinho) e relembrar que eu tinha iludido à todos (inclusive a mim mesma) dizendo que iria passar a escrever constantemente as notícias dessa terrinha. Pois bem, como se nota, nao foi o que aconteceu. Desse modo, o título do post anterior pode ser aqui mais uma vez repetido, levando em consideracao que mais e mais coisas aconteceram e continuam a acontecer.

Nesse meio tempo amigos foram embora pro Brasil, alguns antes disso já nao eram tao amigos, outros ficaram cada vez mais próximos. Eu percebi que nao adianta forcar situacoes, tentar me convencer de que tudo vai continuar do jeito que é e me esforcar pra isso. Adoto agora a filosofia "let it be".

Mas indo ao porque de escrever agora: como eu já disse antes (garimpo no arquivo necessário!), só venho aqui quando nao tem nada pra fazer e quando estou disposta o suficiente para escrever sobre minha própria vida e/ou pensamentos, o que só ocorre quando nao estou exatamente bem. Nao, nao precisa de alarme, nao estou morrendo e minha vida aqui nao está horrível, mas é verdade que, em relacao aos últimos meses, deu uma, digamos, decaída de producao.

Viver no ritmo do planejamento de viagens sempre cria perspectivas, parece que há sempre o que fazer e, além disso, você sabe que nao estará no mesmo lugar daqui a pouco e que, no mínimo, quando voltar terá algumas aventurinhas pra se lembrar. Pois é. Acho que no intervalo de tempo entre a última postagem estiveram as viagens para a Itália (calma, nada de Roma! Me limitei à Florenca e Veneza) e a "mochilinha" maluca de fim/comeco de ano. Eu defitivamente acho que ambas merecem serem colocadas no papel, mas prefiro, particulamente, contá-las pessoalmente, ao vivo, com todas as onomatopéias, gritos e outros sons nao identificados que possam ser necessários produzir.
Apenas como preview: noite congelante no deserto do Saara!

Mas o fato é que de repente me deu alguma coisa estranha... Como um cansaco. Eu retiro tudo de carinhoso que possa ter dito sobre a família. Nao odeio eles, tenho uma vida relativamente boa aqui, sempre me tratam muito bem, tenho diversas vantagens, mas... Nao é minha casa, nem nunca será. E por mais que eu tente ficar totalmente à vontade aqui, nao tem jeito. Eles sempre serao uma família e eu a estrangeira, isso nao tem como tentar disfarcar. E nao consigo sentir afeto por ninguém. Eu penso em quando for embora, do que sentirei falta. Vou sentir a mudanca do meu estilo de vida aqui pro ritmo no Brasil, das coisas que eu tenho aqui (coisas bobas mesmo!), o que faco aqui, do dia-a-dia (nao que eu vá sentir falta, mas vai ser muito diferente), mas nao me vejo sentindo falta deles, como pessoas. Isso é estranho, afinal eu VIVO com eles, vejo todos os dias, passo o dia com eles, convivo mais do que convivia com a minha própria família quando estava em casa. Mas nao tenho um pingo de carinho. Eu tento, mas nao dá. Esse era um dos casos nos quais estava pensando quando escrevi sobre forcar situacoes: nao adianta. Eu também já percebi que, por mais que eu seja "a melhor aupair das três", eu sou só mais uma pra eles, um componente da casa que deve estar mais ou menos junto com a preocupacao do aspirador de pó, da lava-loucas ou da faxineira. Ou seja, eu sou só um complemento dos cuidados domésticos, mas nunca parte da família. Tudo bem, eu jamais poderia considerá-los parte da minha também (nao existe base de comparacao entre as duas. Se eu fosse olhar pra eles com meu conceito de família do Brasil, nem consideraria isso que eles têm aqui de família.), mas é inegável que tem certas horas que CANSA. Cansa nao voltar pra casa.

Sem depressoes, é claro. Pra continuar de pé e sobrevivendo com pelo menos uns risinhos falsos quando os meninos fazem algo supostamente "engracadinho" (pra mim nao tem nada de engracadinho), eu me concentro em fazer o que eu sempre fiz até agora: pensar no próximo destino (nunca à long prazo, que fique bem claro), nem que ele seja uma passeada pelo centro da cidade no fim de semana. Descobri o meu modo de aderir ao modo de vida "carpe diem".